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Você não está "só cansado (a)". A exaustão que o descanso não cura!

Sabe aquela sensação persistente de que está indisposto (a)? Aquela exaustão que não passa com o descanso, a dor que os exames não explicam ou aquela preocupação que se tornou crônica e simplesmente não desliga.


Muitas vezes, a nossa mente usa o corpo para pedir ajuda! 


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Com alguma frequência recebo pessoas que chegam à consulta dizendo: “Minha imunidade não está boa”, “Devo estar precisando de vitaminas” ou, “minha memória e concentraçao estão muito ruins, não consigo mais trabalhar” ou  “Meu corpo todo dói e preciso um exame do corpo todo”.  



O que muitas vezes está por trás dessas queixas? 


Sofrimento psíquico, ou, como diz a Organização Mundial de Saúde (OMS), Transtornos Mentais Comuns (TMC), que incluem síndromes depressivas, síndromes ansiosas e aqueles sintomas físicos sem explicação médica clara (somatização).


Conforme os relatórios da OMS, a depressão e a ansiedade são as principais causas de incapacidade no mundo. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão e mais de 260 milhões de ansiedade. No Brasil, somos o país com maior prevalência de transtornos de ansiedade. Portugal é o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa, sendo apenas ultrapassado pela Irlanda do Norte. Sua dor não deixa de ser real porque não é da ordem do “visível em exames". Costumo dizer isso especialmente para as pessoas com Fibromialgia. É real, é comum e tem muitas formas de cuidar disso.


O seu caminho vamos descobrir junt@s.  


Por que é tão difícil falar disso?


Se o seu problema fosse dor de garganta, você falaria com tranquilidade. Mas dizer “estou em depressão”, por exemplo, carrega outros significados, não é?  

Há uma longa história social em torno do adoecimento mental/emocional/psíquico e que pode causar esse receio de falar, de ser julgado ou rotulado. É por isso que, muitas vezes, o sofrimento psíquico está velado, até para a própria pessoa, escondido sob a roupagem de sintomas físicos como dores crônicas, cansaço ou insônia. Isso é compreensível, mas é importante desmistificar. Esses sintomas físicos muitas vezes são as formas do corpo comunicar ou elaborar emoções, por exemplo.


É por isso que,da forma como entendo, o cuidado médico vai além de tratar os sintomas aparentes. Meu papel é criar um espaço seguro, acolhedor e sem julgamentos, onde você possa trazer, com o tempo, sua vulnerabilidade, suas dores “físicas e emocionais", suas preocupações, seus medos.


O Vínculo vem antes da Receita. 


O foco do tratamento precisa estar em você, a pessoa como centro do tratamento, e não apenas nos sintomas que se mostram na superfície. O cuidado só é integral quando é centrado na sua história de vida e no seu contexto.  


E como é esse tipo de acompanhamento médico?


1. Vou explorar a sua história – e não apenas a doença: Vamos conversar sobre o que o adoecimento significa para você, quais são suas expectativas e seus medos - por exemplo: "minha mãe tomava remédio para depressão, não quero ter isso”. A saúde mental é inseparável do seu contexto de vida, das pressões do trabalho, e de como fatores sociais (como racismo, homofobia, desigualdade e exposição à violência) impactam o seu sofrimento.  


2. Construímos o Plano de Cuidado Juntos: O vínculo terapêutico é o principal mediador dos bons resultados. A autonomia aqui é muito importante: a decisão sobre seu tratamento é compartilhada, feita em parceria com você. O medicamento é uma ferramenta, mas a relação terapêutica age na pessoa, reduzindo a resistência e aumentando a sua confiança. Ou seja, o sucesso do tratamento medicamentoso não depende apenas do medicamento, mas de como ele é prescrito e do que vamos discutindo ao longo do uso do medicamento. Além disso, o plano de cuidado geralmente envolve estratégias que vão além dos remédios (como psicoeducação, mudanças de hábitos, meditação).


Integração com aspectos físicos


Busco avaliar a pessoa como um todo porque sim, uma coisa influencia na outra. Não faz sentido tratar por exemplo alteração do ritmo intestinal persistente como algo psicossomático sem afastar também causas orgânicas. É importante cuidar também dos sintomas físicos que a pessoa possa estar experienciando a partir desse sofrimento psíquico, como dores musculares, dor de cabeça, dor de estômago. Como Médica de Família eu procuro explorar e tratar esses sintomas, pedir exames quando necessário, etc.

Afinal, digo que nada é só biológico nem só psíquico, uma coisa influencia na outra. A mente e as emoções transformam o estado do corpo, e o estado do corpo interfere na qualidade da mente e das emoções.


Tratamento Desmistificado: E quando usar medicamentos psiquiátricos?


Para essa situação do sofrimento psíquico persistente ou Transtorno Mental Comum, com frequência está indicado o uso de medicamentos, com base na ciência, com foco no uso adequado. Podemos lançar mão também de fitoterápicos (chás, óleo de Cannabis, etc), mas já tem um texto aqui no site só sobre o tratamento com Cannabis e, então, aqui vou falar um pouco dos alopáticos. Fiz pós graduação em Psiquiatria exatamente para me atualizar e aprofundar a respeito da psicopatologia e sobre os psicotrópicos. Apresento aqui duas “classes” de medicamentos muito falados:


* Antidepressivos: 

Eles são ferramentas seguras e eficazes no tratamento da depressão e da ansiedade. Vamos conversar abertamente sobre o que esperar: os efeitos colaterais iniciais e o tempo de espera (geralmente algumas semanas) para que a melhora chegue. 

É fundamental entender que o medicamento é parte de um projeto maior de cuidado. Ele vai intervir na biologia, devolvendo ao seu cérebro o equilíbrio bioquímico perdido. E, a partir desse equilíbrio bioquímico, você vai começar ou continuar cuidando dos aspectos da sua vida que se relacionam com o fato de ter chegado ao estado de desequilíbrio mental/emocional. Ou seja, o medicamento pode até ser o primeiro passo do seu tratamento, que pode ser um catalisador, mas outros passos vão ser necessários e idealmente são feitos com o apoio também de psicoterapeut@. 


* Tranquilizantes (Benzodiazepínicos):

Muita gente está acostumada a recorrer a esses medicamentos. No entanto, seu uso ideal é para uma eventualidade (em crises agudas) ou no início do tratamento com antidepressivo (enquanto ele ainda não começou a fazer efeito. Isso porque os benzodiazepínicos são um ótimo alívio temporário para sintomas como insônia, ansiedade ou agitação. No entanto, eles não tratam o problema a longo prazo e apresentam risco de dependência se usados por muito tempo. Por isso, o uso deve ser criterioso, em doses mínimas e com um plano de descontinuação claro e gradual, sempre que possível.  


No uso de medicamentos deve haver uma busca refinada de qual substância e qual dose usar, o que pode variar com as mudanças que forem ocorrendo na vida. Penso ser essencial usar uma dose terapêutica, e não subdose, mas não usar medicamentos em excesso a ponto de você ficar “no automático", na apatia, dissodiado@. Com o estudo que tenho tido em psicoterapia, percebo que é essencial manter manter algum contato com o fio da meada, com aquela sensação de tristeza ou de ansiedade ou os sintomas do corpo, pois tudo isso é pista para você se trabalhar e poder transformar isso. 


O medicamento é mais um recurso para que a pessoa consiga sair do colapso ou da sensação constante de luta e fuga, para que ela possa entrar em contato consigo mesma e com o que está se passando, e não para se perder de si. É por isso que o acompanhamento, e não só a prescrição, é necessário. 


E a psicoterapia?


Estou na fase final da formação avançada de Psicoterapia Somática, na Mentara - Lisboa. Essa formação é extremamente vivencial e tem me oferecido muito em termo de autoconhecimento, “autotrabalho”. Assim, sinto que posso avançar na qualidade de presença para fazer das minhas consultas médicas um encontro de duas almas. Além disso, a formação me traz o olhar de psicoterapeuta e as ferramentas de intervenção da psicoterapia, apesar de, como dizem minhas professoras da psicoterapia, quanto mais estamos presentes e com experiência, menos “malabarismos” precisamos fazer. 


Estou ali comigo e com o outro, e aí está a potência do encontro clínico.


Pront@ para começar a sua jornada de cuidado? Te espero na consulta.



 
 
 

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